Governo americano alegou que eficiência do item não é confiável e retirou sua indicação das suas políticas de saúde
10 em cada 10 dentistas recomendam o uso do fio dental como parte fundamental do processo de higienização bucal. Mas, contrariando tudo que já se viu e se sabe até hoje, o governo federal dos Estados Unidos decidiu retirar a indicação desse item das suas diretrizes alimentares deste ano. Por quê? Segundo eles não há estudos que comprovam a eficiência do fio dental.
Fomos conversar com alguns especialistas para entender essa conversa e descobrimos que, em partes, o governo americano tem razão. “Nunca foi realizada nenhuma pesquisa de cunho realmente científico. As poucas pesquisas, normalmente são patrocinadas por empresas que desenvolvem os mesmos”, diz Karyne Magalhães, cirurgiã-dentista e membro da Associação Brasileira de Halitose (ABHA).
Para chegar a essa conclusão, o governo americano analisou os últimos estudos feitos sobre a eficiência do fio dental e classificou os resultados como “fracos” e “não confiáveis” quando o assunto era sua capacidade de remover a placa bacteriana.
“Eu recomendo”
Apesar de concordar que falta material científico para comprovar a eficiência do fio dental, Karyne acredita que a prova que eles tanto buscam está nos efeitos que são observados no dia-a-dia.
“Eu recomendo o uso do fio dental por pelo menos duas vezes ao dia, pois ele, além de remover os resíduos alimentares que se depositam ente os dentes, remove a placa bacteriana que se forma independente ou não da ingestão de qualquer tipo de alimento. Essa placa nada mais é do que micro-organismos, saliva, líquido gengival, células descamadas da boca e resíduos alimentares que se depositam sobre a estrutura dental e podem ser mineralizadas se tornando tártaros (cálculo dental)”, diz a especialista.
Para ela, não usar o fio dental é aceitar correr o risco de ter cárie ou problemas gengivais. “Fora os outros transtornos como halitose, sangramento e dor. Enfim, acontece um caos. Se o fluxo salivar ou a qualidade salivar estiver em desequilíbrio, a falta do fio dental gerará sérios problemas e um deles pode ser a perda dental”, diz a especialista.
Evidência ou engano?
Alberto Consolaro, um dos mais renomados patologistas bucais do país, também publicou um texto em seu Facebook sobre o assunto. “As pessoas pretensamente “bem informadas” adoram usar e acham sofisticado o termo “evidência científica” para afirmar ou negar dados e achados em pesquisas e estudos. A roda nunca foi comprovada cientificamente quanto aos seus benéficos, assim como o papel higiênico, absorventes e outros objetos de uso pessoal. A verdade científica de hoje pode ser a mentira ou engano de amanhã!”, disse ele no texto.
E a opinião dele sobre o uso do fio dental é a mesma de Karyne, assim como é a mesma de todos os dentistas com os quais conversamos. ”Os bochechos com enxaguantes não conseguem substituir o uso do fio dental na remoção da placa microbiana. O mesmo se pode dizer das escovas elétricas e automáticas disponíveis no mercado que não substituem a escova dentária manual, o fio dental e os enxaguantes: cada um destes procedimentos complementa o anterior!”, completou ele em sua página.
Faça o teste!
Para os que ainda questionam a eficácia do fio dental, Karyne sugere que a pessoa faça o teste. “É muito simples fazer um teste. Deixe de usar o fio dental por um ou dois dias, aí você verá que além do hálito, até o paladar começa a mudar. O maior benéfico de usar o fio dental é garantir a saúde bucal. E vale lembrar que as cerdas das escovas não entram entre os dentes. Só o fio dental é capaz de fazer essa boa tarefa.”, diz a especialista.
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